Apoiar a suspensão dos desmatamentos legais no Matopiba foi o tema que gerou debates na região, neste mês de julho. A divulgação de que empresas estariam aportando recursos para tal fim, gerou desconforto entre o setor produtivo.
Diante disso, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), promoveu em Palmas (TO), o Seminário “Soja Responsável – Produzindo Soja com Responsabilidade”, no dia 15 de julho. O evento teve como objetivo afirmar e promover a sustentabilidade da soja brasileira, em especial da região do Matopiba, onde originou o documento “Carta de Palmas” reunindo dados da Embrapa Territorial que comprovam que 30% da região é destinado à preservação da vegetação nativa dentro das propriedades rurais, tendo mais 10% protegida por lei em Unidades de Conservação e Terras indígenas, o que representa cerca de 40% do território protegido ou preservado pelas leis e pelo Código Florestal Brasileiro.
De acordo com o diretor executivo da Associação dos Produtores de Sementes dos Estados do Matopiba (Aprosem), Ivanir Maia, a Aprosem compactua das definições expostas na Carta, defendendo que as ações estejam de acordo com a legalidade – Código Florestal Brasileiro – Lei 12.727/2012 onde destaca a obrigatoriedade de proteger e usar, de forma sustentável, as florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação.
A Carta de Palmas defende ainda que todos se unam para contribuírem com projetos de sustentabilidade dos produtores, tais com o Soja Plus – programa de gestão transparente e participativo da propriedade rural, que objetiva conciliar a produção agrícola com a conservação dos recursos naturais e proporcionar a melhoria da saúde e da segurança no trabalho rural, e que o mesmo seja implantado em todos os estados do Matopiba, já que atualmente as ações estão sendo implementadas somente na Bahia.
De acordo com o gerente de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e coordenador nacional do Programa Soja Plus, Bernardo Pires, o programa instituído em 2011 por meio de uma parceria entre a Abiove e Aprosoja Mato Grosso está presente nos principais estados sojicultores. As propriedades inscritas no Soja Plus produzem 9,43 milhões de toneladas de soja, o que representa cerca de 8% da produção brasileira da oleaginosa. Em área, abrange aproximadamente 2,9 milhões de hectares. Neste período, foram investidos recursos financeiros da ordem de R$ 21 milhões de reais diretamente nas fazendas.
“O Soja Plus é um programa voluntário e adequado à realidade do produtor nacional e não incorre em ônus para este. Observei que a Carta de Palmas originada após o Seminário “Soja Responsável” traz no item seis um convite a todos para contribuírem com projetos de sustentabilidade dos produtores, como o “Soja Plus”. Fiquei bastante contente, pois a Abiove é a coordenadora nacional do Programa Soja Plus, e entendemos como uma grande oportunidade a ampliação do programa para todo o Matopiba, a exemplo do trabalho de sucesso que já está sendo conduzido no Oeste da Bahia em parceria com a AIBA e APROSEM”, disse Bernardo.
Foto: Programa Soja Plus
O presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani, destaca que o Seminário “Soja Responsável” está repercutindo não só entre produtores, mas em todos os setores da economia e da sociedade no Matopiba e Brasil. “Mostramos para todos, através dos dados oficiais da Embrapa Territorial, que plantamos soja legal, com responsabilidade e sustentabilidade ambiental. A região irá crescer muito em renda, emprego e desenvolvimento social”, disse.
Segundo a Embrapa, no cerrado do Matopiba são 72% de área preservada, tendo em vista que apenas 5% desta são utilizadas pelo agronegócio e desse total 3% são cultivados com soja.